Carros elétricos chineses aceleram no Brasil e acionam alerta de privacidade

Auto Avaliar 8 de August de 2025 4 min. de leitura

Carros conectados: dados a cada curva

Os veículos elétricos modernos, em especial os modelos chineses que vêm conquistando o mercado brasileiro, estão repletos de tecnologia e conectividade. Esses carros operam como verdadeiros “dispositivos digitais sobre rodas”, coletando e transmitindo informações em tempo real. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), os eletrificados (híbridos e 100% elétricos) já representam 7,5% das vendas de veículos no Brasil, com 54.683 unidades vendidas nos primeiros quatro meses de 2025.

“A presença crescente dos elétricos chineses não é apenas uma tendência  é uma reconfiguração estrutural do mercado, impulsionada por inovação, escala e uma ofensiva industrial planejada”, explica J.R. Caporal, CEO da Auto Avaliar. “Os modelos chineses costumam oferecer mais tecnologia embarcada e maior autonomia por um preço inferior ao dos concorrentes europeus e americanos.”

Essa conectividade traz benefícios ao motorista, mas também significa que uma quantidade enorme de dados pessoais é coletada a cada viagem. Informações potencialmente capturadas pelos sistemas incluem:

* Localização em tempo real do veículo e rotas percorridas

* Hábitos de condução, como padrões de velocidade e frenagens

* Comandos de voz e interações com a central multimídia

* Preferências do usuário (estações de rádio, ajustes de conforto etc.)

Em mercados internacionais, esses aspectos já acenderam um sinal de alerta. Na Europa, investiga-se se alguns carros elétricos chineses estariam enviando dados de motoristas e passageiros para servidores fora do continente, possivelmente na China. Isso evidencia que, junto com a inovação, surge uma preocupação: para onde vão esses dados e com que consentimento? Um estudo publicado pelo portal Guru dos Carros reforça essa discussão e traz exemplos concretos dos riscos e das investigações em andamento no setor Leia aqui.

LGPD no radar: o risco de não conformidade

No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece princípios claros de finalidade, necessidade, transparência e segurança no uso de dados pessoais. Se um veículo conectado coleta dados sensíveis do usuário sem consentimento explícito ou sem oferecer controle ao proprietário, há um risco real de violar a lei. Por exemplo, dados de geolocalização ou gravações de comandos de voz coletados sem autorização podem configurar uso indevido, sujeito a penalidades.

Para concessionárias, montadoras e importadoras, ignorar essas obrigações não é opção. 

Além de multas e sanções da ANPD, a falta de conformidade pode gerar desconfiança nos consumidores um preço alto num mercado cada vez mais competitivo. Estar em conformidade com a LGPD deixou de ser apenas “evitar punição”: tornou-se parte fundamental da responsabilidade corporativa e da reputação no setor automotivo.

Dados além-fronteiras: transferência internacional em foco

Uma questão crítica envolvendo carros conectados é a transferência internacional de dados. Quando informações de um veículo no Brasil são enviadas para servidores em outro país (como a China, os EUA ou serviços globais de nuvem), é preciso atenção redobrada. A LGPD exige que o destino tenha um nível de proteção de dados equivalente ao do Brasil ou que existam cláusulas contratuais e salvaguardas adequadas. Na Europa, investiga-se se alguns carros elétricos chineses estariam enviando dados de motoristas e passageiros para servidores fora do continente, possivelmente na China. 

A ausência dessas garantias pode não apenas acarretar sanções regulatórias, como comprometer seriamente a relação de confiança com o cliente. E mais: essa lacuna legal pode estar ocorrendo agora mesmo em muitos veículos em circulação.

De olho na privacidade: orientação especializada no setor automotivo

Diante desse cenário, empresas do ecossistema automotivo precisam estar atentas. “A digitalização do setor automotivo deve vir acompanhada de responsabilidade com a privacidade dos usuários”, alerta Thiago Guedes, CEO da DeServ, empresa especializada em segurança da informação. Ele defende que montadoras, importadores e concessionárias contem com o apoio de especialistas brasileiros para implementar boas práticas, como avaliações de impacto, governança em privacidade e transparência ao consumidor desde a fabricação até a comercialização dos veículos.

A DeServ atua ao lado de empresas que desejam navegar com responsabilidade pelas novas exigências do mundo digital, oferecendo caminhos para transformar a adequação à LGPD em diferencial competitivo.

Com a aceleração dos elétricos e dos dados, o alerta está dado: estar bem informado e preparado pode ser o divisor entre liderar a inovação ou correr riscos desnecessários.

Este conteúdo foi elaborado pela equipe da DeServ, empresa parceira da Auto Avaliar.

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